JOAO MULUNGU
Severo D’Acelino
Nascido na Vila de Laranjeiras, na Província de Sergipe Del Rey, no ano de 1851, escravo do Engenho Flor da Rosa. Neste período Laranjeiras liderava o pensamento revolucionário de Sergipe, já há muito notadamente, no sentimento antilusitano em prol republicano, tendo sido, portanto palco de debates acirrados de idéias revolucionárias e como conseqüência, fonte de inspirações dos episódios de resistência da comunidade negra, contra igualmente os lusitanos e por conseguintes os senhores de escravos que cristalizavam o regime de desigualdade social e econômica.
Neste ambiente de ebulição política, foi que o nosso libertário JOÃO MULUNGU cresceu acentuando a sua consciência libertária e ampliando seus conhecimentos do processo conjuntural da Província e daí, estendendo-o a sua comunidade como forma de luta em busca de liberdade ampla, geral e irrestrita.
Sua fuga para o quilombo não há dados formais documentados, mas na lógica dedutiva he de se supor que começou no próprio engenho, na mobilização junto com os grupos predatórios para depois do precoce aprendizado, liderar seu próprio grupo, na luta contra o inimigo mais imediato.
Há noticias diversas dos seus episódios, notadamente as de visões institucionais em cujas interpretações, são desfavoráveis a sua memória, no entanto as visões e interpretações distorcidas tendem com o tempo, diluir e oferecer melhor nitidez a compreensão historia dos fatos a luz da consciência do oprimido, dentro das relações do poder exemplificado no dia a dia da história da humanidade.
A área de atuação de JOÃO MULUNGU, centralizada em Laranjeiras, com variáveis no Vale do Cotinguiba, Japaratuba, Vaza-Barris, Piauí e Poxim, como ponto de referencia estratégica na luta contra o sistema e seu instrumento de repressão: a política.
“MAIOR E MAIS TEMIDO QUILOMBOLA DE SERGIPE”
Assim era denominado pelo poder, para justificar a sua incapacidade de organização ante a força obstinada de JOÃO MULUNGU, na organização e luta da comunidade que a cada dia ampliava o contingente levantado, minando a economia e a organização política da Província, apoiado pelos diversos grupos insatisfeitos com o poder central e local, notadamente as disputas dos Conselhos dos governado e nas corporações militares.
JOÃO MULUNGU
Materializou o pensamento de ANTÔNIO PEREIRA REBOUÇAS, o maior revolucionário negro em Sergipe, a quem deve o estimulo a luta organizada contra o opressor. Foi também usado como trampolim pelo poder e em seu nome os poderosos se utilizaram para legitimar os abusos de poder e ampliar seus patrimônios, saqueando a Província e mandando matar seus adversários políticos e econômicos.
JOÃO MULUNGU
Foi traído por seu antigo companheiro, um escravo do Engenho Flor da Roda, por uns míseros trocados. Fora preso de tocaia no Engenho Flor da Roda, as sombras dos bananais daquele canavial, enquanto que descansava com seus companheiros, Manoel Jurema e Galdino, as 12:00hs do dia 19 de Janeiro de 1876 na Vila de Laranjeiras. Há noticias no relatório do Presidente da Província de que “João Mulungu, preso no dia 13 de janeiro, após cinco dias e cinco noites de combate, em Divina Pastora, preferiu ser enforcado a voltar para a casa do seu antigo senhor”, isso é só uma mostra documental das distorções do poder, pois documentos comprovam que em inicio de Setembro ao final de Novembro, JOÃO MULUNGU, estava em Capela cumprindo pena, condenado pelo juiz da Vila de Rosário.
Para não cair em contradição junto ao central, após ter comunicado que os quilombos na Província haviam acabado, o Presidente baniu JOÃO MULUNGU, da documentação institucional e da História de Sergipe, pois a verdade é que o número de quilombos aumentou até depois de proclamada a Lei Áurea.
LUTA PELO RECONHECIMENTO
A noticia sobre JOÃO MULUNGU, nos fora dada pelo cineasta Djaldino Mota Moreno, interessado em filmar a historia deste famoso quilombo sergipano em super-8, baseado na noticia publicada na coluna Poeira dos Arquivos da Gazeta de Sergipe, nos anos 70 de Autoria de Acrisio Torres. Daí então, despertamos para o fato e iniciamos a pesquisa. O filme não fora feito, mas a vontade de conhecer os episódios de tão importante personagem negro da Historia de Sergipe, continuou gerando uma consciência ampla da importância da resistência negra em Sergipe. A pesquisa tomou corpo e vimos muitos e diversos documentos referenciais sobre o personagem: Ariosvaldo Figueiredo, Lourival Santos, Roberto Conrad além das pesquisas nos arquivos: Publico e Judiciário de Sergipe, Biblioteca Epifânio Dórea, etc., até a elaboração de parecer e apresentação de projetos a Assembléia Legislativa, que foram aprovados e sancionados pelos prefeitos Valter Franco e Wellington da Mota Paixão.
JOÃO MULUNGU
Herói negro sergipano, contestado por uns, aplaudido por outros. As controvérsias,distorções e contradições a ele atribuídas,parte da ignorância e do preconceito e sobretudo , do despeito e desrespeito que nutrem e até o desconhecimento da história das controvérsias sobre os Heróis e até o desconhecimento da história das controvérsias sobre os Heróis Nacionais criados nas caladas das noites e cultuados pela inteligência brasileira.
Introduzido com o advento da escravidão em Sergipe, o negro lutou tenazmente contra o apartheid político, sócio-econômico e cultural, através dos seus diversos agentes tradicionais marcando profundamente a alma do povo sergipano recriando seus valores estéticos , morais ,religiosos históricos, filosóficos e culturais , compondo suas lideranças ,organizações e grupos organizados, elites e heróis.
JOÃO MULUNGU
Protagonista da resistência do segundo quartel do século XIX, liderado a comunidade negra nas organizações guerreiras dos quilombos predatórios em busca da libertação do julgo escravista.
O libertário Afro Sergipano, seguramente da Nações Nagô , homem extraordinário pelas suas proezas guerreiras cristalizando entre nós o valor de sua magnanimidade, reconhecido 114 anos depois , através dos esforços da Casa de cultura Afro Sergipana pelos poderes públicas de Sergipe , como Herói Negro Sergipano , elevando esta categoria pelos feitos magnânimos a humanidade e consciência política de ancestralidade do Negro Sergipano , constituído-se no primeiro Herói Negro no Brasil a ser reconhecido pelos poderes públicos.
Em dezembro de 1989 é inteirado à Categoria de Herói Estadual pelo Decreto.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
domingo, 24 de abril de 2011
CABELO E IDENTIDADE....?
Tenho observado o cabelo de afrodescendentes, e surgem dúvidas: onde está o cabelo pixaim? O que está acontecendo com o comportamento do negro em relação a sua identidade? Vergonha ou preconceito? A maioria dos homens negros tem raspado os cabelos, ou alisado, no caso das mulheres, e isso me preocupa, pois tenho a impressão que o negro não esteja se afirmando como deve.
Longe de querer julgar, pois as pessoas têm livre arbítrio quanto ao seu corpo. Não resta dúvida que muito disso seja reflexo de uma sociedade preconceituosa que não abre portas para os negros assumirem seus cabelos com naturalidade. Quando têm alguma oportunidade, são forçados a mudar de personalidade. Isso é uma típica prova desse racismo disfarçado de peruca e com falsa identidade.
O Brasil tem a maior população negra fora da África, segundo a Fundação Cultural Palmares (entidade de defesa da cultura afro-brasileira ligada ao Ministério da Cultura): 44,2% da população é composta por afro-brasileiros. E onde estão os afrodescendentes? Os donos de empresas, lojas, indústrias etc dão espaço para os negros? Estão nos aceitando como somos realmente? E o que nós, negros, estamos fazendo frente a isso?
A abolição completa 121 anos, e grande parte dos afrodescendentes ainda não se sente realmente livre quanto à liberdade de expressão, exaltação e afirmação de seus ancestrais, responsáveis pela construção do país. Era esse um dos maiores objetivos de os escravos deixarem de se tornar gente para se tornarem “coisa”, no processo que começava na captura na África e seguia nos porões das caravelas, com alimentação precária, tratamento desumano, doenças e mortes.
Os negros, não podem ter vergonha de suas raízes, não precisam “disfarçar”, pois não restam dúvidas frente a inúmeras qualidades dos negros. Tem que se afirmar mostrando que o cabelo afro continua sendo a verdadeira forma de expressão da cultura e identidade de nosso povo. Ele é uma herança genética que carregamos com orgulho. Seja qual for o estilo, nós fazemos a diferença!
Longe de querer julgar, pois as pessoas têm livre arbítrio quanto ao seu corpo. Não resta dúvida que muito disso seja reflexo de uma sociedade preconceituosa que não abre portas para os negros assumirem seus cabelos com naturalidade. Quando têm alguma oportunidade, são forçados a mudar de personalidade. Isso é uma típica prova desse racismo disfarçado de peruca e com falsa identidade.
O Brasil tem a maior população negra fora da África, segundo a Fundação Cultural Palmares (entidade de defesa da cultura afro-brasileira ligada ao Ministério da Cultura): 44,2% da população é composta por afro-brasileiros. E onde estão os afrodescendentes? Os donos de empresas, lojas, indústrias etc dão espaço para os negros? Estão nos aceitando como somos realmente? E o que nós, negros, estamos fazendo frente a isso?
A abolição completa 121 anos, e grande parte dos afrodescendentes ainda não se sente realmente livre quanto à liberdade de expressão, exaltação e afirmação de seus ancestrais, responsáveis pela construção do país. Era esse um dos maiores objetivos de os escravos deixarem de se tornar gente para se tornarem “coisa”, no processo que começava na captura na África e seguia nos porões das caravelas, com alimentação precária, tratamento desumano, doenças e mortes.
Os negros, não podem ter vergonha de suas raízes, não precisam “disfarçar”, pois não restam dúvidas frente a inúmeras qualidades dos negros. Tem que se afirmar mostrando que o cabelo afro continua sendo a verdadeira forma de expressão da cultura e identidade de nosso povo. Ele é uma herança genética que carregamos com orgulho. Seja qual for o estilo, nós fazemos a diferença!
LARANJEIRAS BERÇO DAS MANIFESTAÇÕES AFRO EM SERGIPE!
LAMBE- SUJOS
O município de Laranjeiras, a 18 quilômetros de Aracaju, é um dos poucos onde ainda se pode ver a força da arquitetura colonial. Ruas, casarios, igrejas, tudo respira a mais pura história. Laranjeiras já foi a mais importante cidade sergipana. Berço da cultura, educação, política e da economia. Este município só não se tornou a capital de Sergipe por conta de uma manobra política do Barão de Maruim, que transferiu a sede de São Cristóvão para Aracaju.
Depois que as tropas de Cristóvão de Barros arrasaram com as nações indígenas, por volta de 1530, muitos ‘colonos’ acabaram se fixando às margens do Rio Cotinguiba. Essas terras pertenciam à Freguesia de Socorro. Naquela região, mais ou menos uma légua da sede, foi construído um pequeno porto e, por conta das inúmeras e frondosas laranjeiras à beira do rio, moradores e viajantes começaram a identificar o local como porto das laranjeiras.A movimentação pelo Rio Cotinguiba era intenso e, logo, o porto passou a ser parada obrigatória. Em torno dele o comércio ganhava espaço, principalmente a troca de escravos, e as primeiras residências eram construídas. Mas a partir de 1637, o pequeno povoado das Laranjeiras também sofreu com os ataques e depois com o domínio holandês. Muitas casas foram destruídas, mas o porto, um ponto estratégico, foi preservado. Só por volta de 1645 os holandeses deixam Sergipe.Em 1836 foi criada em Laranjeiras a primeira Alfândega de Sergipe. Praticamente todos os produtos produzidos em Sergipe eram exportados por lá, maior centro do Estado. Mas Laranjeiras tinha na indústria açucareira a sua principal fonte de renda. Apesar de pequeno territorialmente, o município chegou a ser o maior produtor de açúcar cristal de Sergipe. Eram centenas de engenhos e depois usinas. Os primeiros foram Dira, Ibura, Camassary e Comandaroba. Nas décadas de 30, 40 e 50 se destacavam três grandes usinas: a da Varzinha, a São José Pinheiro e a Sergipe. A grandiosidade das três pode ser vista na produção. Dos 61 milhões de cruzeiros conseguidos em Laranjeiras, em 1956, somente as três foram responsáveis por 41 milhões de cruzeiros.
Além da cana, Laranjeiras sempre teve uma boa produção de coco e mandioca. No campo da pecuária, o município chegou a ter um rebanho estimado em 11 mil cabeças de gado. Por conta disso, Laranjeiras tinha boas casas comerciais, algumas delas movimentando anualmente mais de 2 milhões de cruzeiros. Na sede do município existiam postos bancários de agências de Aracaju e uma Agência da Caixa Econômica Federal.
Em 1854 foi inaugurada a iluminação pública com a instalação de 32 lampiões. Em 1880, Laranjeiras já possuía uma Estação do Telégrafo Nacional. Em 1859 teve início a navegação a vapor entre Aracaju, Maruim e Laranjeiras, e em 1860 Laranjeiras recebeu a visita do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina, além de uma grande comitiva. Na noite de 14 de janeiro daquele ano, eles foram aclamados nas ruas da cidade. O imperador visitou escolas, a Câmara de Vereadores, o Paço Municipal, assistiu à missa e participou de saraus e banquetes.
O florescimento econômico atraiu para Laranjeiras comerciantes, médicos, advogados, professores e outros intelectuais. O município teve uma forte imprensa. Geralmente ligados a partidos, associações culturais e à igreja, os jornais retratavam a vida na sede e defendia suas bandeiras. Os maiores exemplos são o “Monarchista Constitucional”, o “Triunfo”, seguido de o “Guarany”, o “Observador”, O Telégrafo” e a “Voz da Razão”. Laranjeiras foi, sem dúvida alguma, de 1841 a 1851 o maior centro cultural e artístico de Sergipe. É chamada a Atenas sergipana. E é em 4 de maio de 1948 que Laranjeiras passa efetivamente à categoria de cidade.
Laranjeiras tem uma série de belos e históricos monumentos, como as igrejas do Retiro de 1701; de Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba, de 1734; de Nossa Senhora da Conceição dos Pardos, de 1843; a Igreja Presbiteriana de Sergipe, de 1884; a Igreja do Bonfim; Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus, de 1791; a capela de Sant’aninha, de 1875; Igreja Bom Jesus dos Navegantes, de 1905; Igreja de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário; Igreja Jesus, Maria e José, de 1769; além do Museu de Arte Sacra, Trapiche, Museu Afro, Casa de Cultura João Ribeiro, Escola Zizinha Guimarães, Teatro Santo Antônio e Teatro São Pedro, Mercado Municipal, Ponte Nova, Paço Municipal, Cine-Teatro Íris, Gruta da Pedra Furada, Gruta Matriana, entre outros.
Vale ressaltar ainda que Laranjeiras é referência no folclore. Seus folguedos estão entre os mais importantes do Brasil, como o Reisado, Guerreiros, Lambe-Sujos e Caboclinhos, Cacumbi, Taieira, Samba de Parelha, São Gonçalo, Batalhão 1º de São João, Chegança Almirante Tamandaré e os Penitentes.
Estando no coração do Vale do Cotinguiba, Laranjeiras foi palco de tensões sociais e raciais. Duas grandes revoltas urbanas de escravos negros e mulatos livres foram registradas em 1835 e 1837. Os escravos fugitivos organizavam-se em mocambos e quilombos nas matas dos próprios engenhos. Os mais famosos líderes negros foram João Mulungu, Laureano, Dionísio e Saturnino. Para recuperar seus escravos, muito senhores chegavam a colocar anúncios nos jornais. O grande ano de fugas de escravos foi 1867. Ficam célebres alguns atos, como o enforcamento dos escravos Crispim e Malaquias, que eram acusados de assassinar seus senhores brancos; a fuga do escravo João Mulungu do Engenho Flor da Roda em 1868, sendo que muito tempo depois foi capturado e enforcado. Mas as ações cruéis dos senhores com os escravos provocou protestos da população até a chegada da ‘abolição’.
Quanto à República, o início da propaganda republicada em Sergipe aconteceu oficialmente na Vila de Laranjeiras, em 1888, através da publicação do Manifesto de 18 de outubro de 1888, no ‘Laranjeirense’. Meses depois era fundado o Clube Republicano Laranjeirense, que mais tarde se transformou em Partido Republicano. Faziam parte Felisbello Freire, Balthazar Góis, Sílvio Romero, entre outros. Eles chagaram a ter um jornal, o ‘Republicano’.
Com a Proclamação da República, os republicanos laranjeirenses fizeram passeatas pelas ruas da cidade. Meses depois, Felisbello Freire é nomeado pelo marechal Deodoro da Fonseca como o primeiro governador de Sergipe na República. O primeiro intendente de Laranjeiras foi Marcolino Ezequiel de Jesus, que governou o município de 1893 a 1895.
Depois que as tropas de Cristóvão de Barros arrasaram com as nações indígenas, por volta de 1530, muitos ‘colonos’ acabaram se fixando às margens do Rio Cotinguiba. Essas terras pertenciam à Freguesia de Socorro. Naquela região, mais ou menos uma légua da sede, foi construído um pequeno porto e, por conta das inúmeras e frondosas laranjeiras à beira do rio, moradores e viajantes começaram a identificar o local como porto das laranjeiras.A movimentação pelo Rio Cotinguiba era intenso e, logo, o porto passou a ser parada obrigatória. Em torno dele o comércio ganhava espaço, principalmente a troca de escravos, e as primeiras residências eram construídas. Mas a partir de 1637, o pequeno povoado das Laranjeiras também sofreu com os ataques e depois com o domínio holandês. Muitas casas foram destruídas, mas o porto, um ponto estratégico, foi preservado. Só por volta de 1645 os holandeses deixam Sergipe.Em 1836 foi criada em Laranjeiras a primeira Alfândega de Sergipe. Praticamente todos os produtos produzidos em Sergipe eram exportados por lá, maior centro do Estado. Mas Laranjeiras tinha na indústria açucareira a sua principal fonte de renda. Apesar de pequeno territorialmente, o município chegou a ser o maior produtor de açúcar cristal de Sergipe. Eram centenas de engenhos e depois usinas. Os primeiros foram Dira, Ibura, Camassary e Comandaroba. Nas décadas de 30, 40 e 50 se destacavam três grandes usinas: a da Varzinha, a São José Pinheiro e a Sergipe. A grandiosidade das três pode ser vista na produção. Dos 61 milhões de cruzeiros conseguidos em Laranjeiras, em 1956, somente as três foram responsáveis por 41 milhões de cruzeiros.
Além da cana, Laranjeiras sempre teve uma boa produção de coco e mandioca. No campo da pecuária, o município chegou a ter um rebanho estimado em 11 mil cabeças de gado. Por conta disso, Laranjeiras tinha boas casas comerciais, algumas delas movimentando anualmente mais de 2 milhões de cruzeiros. Na sede do município existiam postos bancários de agências de Aracaju e uma Agência da Caixa Econômica Federal.
Em 1854 foi inaugurada a iluminação pública com a instalação de 32 lampiões. Em 1880, Laranjeiras já possuía uma Estação do Telégrafo Nacional. Em 1859 teve início a navegação a vapor entre Aracaju, Maruim e Laranjeiras, e em 1860 Laranjeiras recebeu a visita do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina, além de uma grande comitiva. Na noite de 14 de janeiro daquele ano, eles foram aclamados nas ruas da cidade. O imperador visitou escolas, a Câmara de Vereadores, o Paço Municipal, assistiu à missa e participou de saraus e banquetes.
O florescimento econômico atraiu para Laranjeiras comerciantes, médicos, advogados, professores e outros intelectuais. O município teve uma forte imprensa. Geralmente ligados a partidos, associações culturais e à igreja, os jornais retratavam a vida na sede e defendia suas bandeiras. Os maiores exemplos são o “Monarchista Constitucional”, o “Triunfo”, seguido de o “Guarany”, o “Observador”, O Telégrafo” e a “Voz da Razão”. Laranjeiras foi, sem dúvida alguma, de 1841 a 1851 o maior centro cultural e artístico de Sergipe. É chamada a Atenas sergipana. E é em 4 de maio de 1948 que Laranjeiras passa efetivamente à categoria de cidade.
Laranjeiras tem uma série de belos e históricos monumentos, como as igrejas do Retiro de 1701; de Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba, de 1734; de Nossa Senhora da Conceição dos Pardos, de 1843; a Igreja Presbiteriana de Sergipe, de 1884; a Igreja do Bonfim; Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus, de 1791; a capela de Sant’aninha, de 1875; Igreja Bom Jesus dos Navegantes, de 1905; Igreja de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário; Igreja Jesus, Maria e José, de 1769; além do Museu de Arte Sacra, Trapiche, Museu Afro, Casa de Cultura João Ribeiro, Escola Zizinha Guimarães, Teatro Santo Antônio e Teatro São Pedro, Mercado Municipal, Ponte Nova, Paço Municipal, Cine-Teatro Íris, Gruta da Pedra Furada, Gruta Matriana, entre outros.
Vale ressaltar ainda que Laranjeiras é referência no folclore. Seus folguedos estão entre os mais importantes do Brasil, como o Reisado, Guerreiros, Lambe-Sujos e Caboclinhos, Cacumbi, Taieira, Samba de Parelha, São Gonçalo, Batalhão 1º de São João, Chegança Almirante Tamandaré e os Penitentes.
Estando no coração do Vale do Cotinguiba, Laranjeiras foi palco de tensões sociais e raciais. Duas grandes revoltas urbanas de escravos negros e mulatos livres foram registradas em 1835 e 1837. Os escravos fugitivos organizavam-se em mocambos e quilombos nas matas dos próprios engenhos. Os mais famosos líderes negros foram João Mulungu, Laureano, Dionísio e Saturnino. Para recuperar seus escravos, muito senhores chegavam a colocar anúncios nos jornais. O grande ano de fugas de escravos foi 1867. Ficam célebres alguns atos, como o enforcamento dos escravos Crispim e Malaquias, que eram acusados de assassinar seus senhores brancos; a fuga do escravo João Mulungu do Engenho Flor da Roda em 1868, sendo que muito tempo depois foi capturado e enforcado. Mas as ações cruéis dos senhores com os escravos provocou protestos da população até a chegada da ‘abolição’.
Quanto à República, o início da propaganda republicada em Sergipe aconteceu oficialmente na Vila de Laranjeiras, em 1888, através da publicação do Manifesto de 18 de outubro de 1888, no ‘Laranjeirense’. Meses depois era fundado o Clube Republicano Laranjeirense, que mais tarde se transformou em Partido Republicano. Faziam parte Felisbello Freire, Balthazar Góis, Sílvio Romero, entre outros. Eles chagaram a ter um jornal, o ‘Republicano’.
Com a Proclamação da República, os republicanos laranjeirenses fizeram passeatas pelas ruas da cidade. Meses depois, Felisbello Freire é nomeado pelo marechal Deodoro da Fonseca como o primeiro governador de Sergipe na República. O primeiro intendente de Laranjeiras foi Marcolino Ezequiel de Jesus, que governou o município de 1893 a 1895.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
SAMBA DE ABOIO TRAÇOS DA CULTURA DE MATRIZ AFRICANA EM SERGIPE
Samba de Aboio ou Samba de Bate-Coxa
Grupo de inflêuncia negra que teve sua origem há muitos e muitos anos , quando ainda existia cativeiro.Conta seu neto FRANCISCO DA MOTA que uma menina angolana chamada TAMASHALIM ECUOBANKER foi vendida para o engenho São João, no município de Japaratuba/SE. Ela se casou e veio a ter uma filha chamada de Maria da Solidade, que por sua vez também se casou e teve três filhos, Manoel Francisco da Mota, João Francisco da Mota e Maria Benedita da Mota, que ao completar mais ou menos 10 anos de idade encontrou na margem de um tanque, uma estranha pedra e correu para casa dizendo ter encontrado uma boneca e sua avó, TAMASHALIM ECUOBANKER, tinha certos conhecimentos religiosos, lhe disse que era Iansã, à qual chamamos de SANTA BÁRBARA. Então, se passou a comemorar o Festejo de Santa Bárbara em todos os Sábados de Aleluia e em todos os Domingos da Ressurreição.
Maria Benedita veio a falecer, e a sua mãe, Maria da Solidade continuou a festejar até sua morte em 1947, a partir daí seus filhos mantiveram a tradição até 2001. A festa de Santa Bárbara, através do Samba de Aboio tem à frente José Francisco Mota de Assis e conta com a cooperação de filhos, irmãos, sobrinhos e netos. O grupo dança em roda, defronte a sua sede, no Povoado Aguada cantarolando suas músicas, e sempre tem dois participantes no meio e estes, aproximam-se e colocam peito com peito, apoiando-se mais nos ombros e ambos afastam a coxa o mais que podem e choca-se num golpe rápido, sendo que após o contato, estes se retiram convidando outros participantes para continuar a brincadeira. Durante as festividades são fornecidos pirões de carne de bode e de galinha de capoeira.
Onde você esconde seu racismo?
Muitos dizem – não sou racista!!!!!! será?
Somos racistas mesmo sem querer, pois nossa educação inicialmente e tradicionalmente européia (jesuítas), tratavam o negro e o índio como sub-raça, povos sem alma, incultos que só serviam para o trabalho pesado braçal. Colocaram nas nossas cabeças que negro era feio, seus costumes eram estranhos e às vezes demoníacos.Quanta ignorância!!!
Para cá vieram povos de todas as nações africanas, bantos, malês, iorubano, jejes, e muitos outros, com seus dialetos, religião e culturas bem estruturadas. Portanto o racismo vem de longe, de um Brasil colonial e arcaico, foi passando de geração em geração se arraigando nas famílias brasileiras, mesmos até entre negros.Mas afinal onde ele se esconde? e você caro leitor é racista? não? sim?
O racismo se esconde nas piadinhas de criança- neguinhooo. Chegue aqui! Ei Fumo de rolo!
Nas atitudes do dia a dia:-Que perfume de nêgo é esse!
- Cabelo de pixaim!
- Olha a Maria tem uma barriga boa (situação quando o menino ou menina nasce branco).
- Que negro metido aquele ,imagina se fosse branco!
- Ele é um(a) negro(a) bonito(a)!- como se só brancos fossem bonitos,
- VOCE TRABALHA AQUI!!! (uma branca fala para uma negra na loja).
E aí achou seu racismo ou ele está mais escondido em outras situações?
Como dizia Jovelina pérola negra “Negro é a raiz da liberdade”.
E eu acrescento que é também resistência e luta até hoje
Autora: Adriana Pereira
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