domingo, 24 de abril de 2011

CABELO E IDENTIDADE....?

Tenho observado o cabelo de afrodescendentes, e surgem dúvidas: onde está o cabelo pixaim? O que está acontecendo com o comportamento do negro em relação a sua identidade? Vergonha ou preconceito? A maioria dos homens negros tem raspado os cabelos, ou alisado, no caso das mulheres, e isso me preocupa, pois tenho a impressão que o negro não esteja se afirmando como deve.

Longe de querer julgar, pois as pessoas têm livre arbítrio quanto ao seu corpo. Não resta dúvida que muito disso seja reflexo de uma sociedade preconceituosa que não abre portas para os negros assumirem seus cabelos com naturalidade. Quando têm alguma oportunidade, são forçados a mudar de personalidade. Isso é uma típica prova desse racismo disfarçado de peruca e com falsa identidade.
O Brasil tem a maior população negra fora da África, segundo a Fundação Cultural Palmares (entidade de defesa da cultura afro-brasileira ligada ao Ministério da Cultura): 44,2% da população é composta por afro-brasileiros. E onde estão os afrodescendentes? Os donos de empresas, lojas, indústrias etc dão espaço para os negros? Estão nos aceitando como somos realmente? E o que nós, negros, estamos fazendo frente a isso?

A abolição completa 121 anos, e grande parte dos afrodescendentes ainda não se sente realmente livre quanto à liberdade de expressão, exaltação e afirmação de seus ancestrais, responsáveis pela construção do país. Era esse um dos maiores objetivos de os escravos deixarem de se tornar gente para se tornarem “coisa”, no processo que começava na captura na África e seguia nos porões das caravelas, com alimentação precária, tratamento desumano, doenças e mortes.

Os negros, não podem ter vergonha de suas raízes, não precisam  “disfarçar”, pois não restam dúvidas frente a inúmeras qualidades dos negros. Tem que se afirmar mostrando que o cabelo afro continua sendo a verdadeira forma de expressão da cultura e identidade de nosso povo. Ele é uma herança genética que carregamos com orgulho. Seja qual for o estilo, nós fazemos a diferença!

Um comentário:

  1. Realmente, os descendentes de negros - como eu - cada vez mais escondem suas raízes, atráves dos cabelos. Talvez como essa nova ''moda'' dos cacheados passamos a ser preservadores da nossa cultura-mãe. Beijo, mariana.

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